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quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Janela e Paisagem


 Sei que faz um bom tempo que não posto nada, mas recebi um vídeo que me deu bastante vontade de comentar. Ele está disponível acima, mas, caso não queiram assistir, trata-se de uma entrevista realizada por Vinícius Valverde em um shopping, onde o mesmo aborda um senhor e pede sua opinião sobre o BBB 14. 
   Diante da opinião, digamos, contrária do entrevistado, o "repórter " dispara que vivemos em uma democracia e, caso não goste do programa, que não o assista. Também, ao responder ao argumento de que o Brasil está na condição em que se encontra hoje por culpa do tipo de programação exibida nas emissoras, diz que não se pode culpar a janela pela paisagem.
   Além da incoerência de se pedir a opinião de uma pessoa para atacá-la em seguida, Vinícius toma uma atitude claramente covarde ao não deixar que seu interlocutor concluísse seu raciocínio. Ele simplesmente o ataca e se retira.
    Nunca fui um desses caras contra o tal "sistema" e nunca fui de levantar bandeiras, pró ou contra o que quer que seja, por isso, vamos esquecer que Vinícius trabalha na Rede Globo e tudo que ela pode representar. Até porque, as opiniões vistas no vídeo podem se aplicar a qualquer rede de TV e qualquer programa ruim.
    Quanto ao que o entrevistado diz, concordo com quase tudo. Realmente acho que o BBB é um programa culturalmente muito pobre. Se é que podemos dizer "cultura" e "BBB" em uma mesma frase sem cometer um erro de concordância.
    Porém, algo do que ele disse não me soa tão correto. Ou pelo menos cabe aí um questionamento: Será que as pessoas são culturalmente pobres por assistir a esse tipo de programa ou assistem a esse tipo de programa por serem culturalmente pobres?
    Se tomarmos por ponto de vista a segunda suposição, realmente o programa pode ser visto como uma janela, que reflete o nível, a realidade e as expectativas de seus telespectadores. Mas seria possível culpar a janela? A verdade é que não. Mas também é verdade que não se pode classificar a emissora como janela, já que ela não apenas mostra, mas interfere na paisagem. Janelas não mandam feeds de notícias, não aparecem em todos os portais, mídia impressa e qualquer outro meio possível para tentar ganhar nossa atenção.
   O fato é que não se pode isentar um meio de comunicação quanto à qualidade de sua programação. Seria a mesma coisa dizer que um traficante não é culpado pelos viciados. Ele só vende por haver quem consuma. Ou será que só há quem consuma por haver quem venda? Não importa, o traficante continua vendendo droga. E é responsável pelo que vende.
    Quanto ao dano que programas ruins trazem para sociedade, é um pouco complicado avaliar. Não acredito que alguém consiga perder inteligência ao assistir ao BBB. Mas acredito que é possível aprender assistindo canais como a rede Cultura, TV Escola e até ao Futura, ligado à Rede Globo. E acredito que não a inteligência, mas o comportamento das pessoas é muito guiado pelo que se assiste. Basta ver o quanto as pessoas repetem bordões de novelas, dão nomes de personagens a seus filhos, trocam cor de cabelos, modo de vestir.
     Ou seja, é importante que os meios de comunicação, e não apenas redes de TV, tomem para si a responsabilidade de formadores de opinião, que é o que são. E, mais importante ainda, é que nós, telespectadores, ouvintes e leitores, não aceitemos tanta porcaria em nossas casas, porque, se é lixo que queremos, é isso que toda a mídia vai nos dar. E eles tem bastante lixo.
    


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